terça-feira, 18 de outubro de 2011

O alumínio e o consumo

A produção de alumínio e o extremo consumo de energia

A indústria do alumínio é a maior consumidora industrial de energia elétrica do mundo, consumindo cerca de 1% de toda a energia elétrica gerada no mundo todo, e cerca de 7% do total consumido pelas indústrias globais. Aproximadamente todas a eletricidade consumida na cadeia de produção do alumínio (e dois terços do total das entradas de energia) estão na fundição do alumínio primário. A quantidade total de energia elétrica consumida na produção de alumínio primário varia entre 12 e 20 megawatt-horas por tonelada métrica, com a média global estimada entre 15,2 e 15,7 MWh por tonelada. No Brasil, cerca de 9,6% da energia elétrica gerada no país é consumida pela indústria de alumínio.

Cerca de metade de toda a eletricidade consumida pela indústria de alumínio em todo o mundo provém da hidroeletricidade, uma porcentagem que pelos recursos industriais deve subir nos próximos anos. Outros 36% provêm do carvão mineral, 9% do gás natural, 5% da energia nuclear, e 0,5% do petróleo. A hidroeletricidade predomina como a fonte de energia elétrica para a fundição de alumínio em alguns países, como Noruega, Rússia e na América Latina e América do Norte. O carvão é mais amplamente utilizada na Oceania e na África.

O alumínio e a Saúde

A cadeia de produção do alumínio impõe riscos à saúde de diversas naturezas aos trabalhadores. A mineração de bauxita causa problemas respiratórios e na pele, além de outras doenças relacionadas à mineração e às indústrias pesadas. Os trabalhadores das refinarias de alumina estão expostos a diversos produtos químicos, e muitos sofrem do que é chamado de “sensibilidade química múltipla”. Os trabalhadores das fundidoras de alumínio estão sujeitos aos efeitos do envenenamento por fluoreto. Os sintomas abrangem osteosclerose (endurecimento dos ossos), problema nos seios da face, perfuração do septo nasal, dores 13 torácicas, tosses, distúrbios da tireóide, anemia, vertigens, fraqueza e náuseas. Uma variedade de distúrbios respiratórios que afetam os trabalhadores das fundidoras foram denominados “asma do revestimento de cubas”.

Processo de extração destrutivo

O ciclo da produção de alumínio começa com a extração do minério de bauxita, que contém 45-60% de óxido de alumínio e é tipicamente minado em minas abertas, exigindo a remoção completa da vegetação e da camada superior do solo. São necessárias de quatro a cinco toneladas de bauxita para produzir duas toneladas de alumina, que por sua vez pode ser refinada para produzir uma tonelada de alumínio primário. Os maiores produtores de minério de bauxita são a Austrália (35% da extração mundial de bauxita), o Brasil, Guiné, China, Jamaica, e Índia. Juntos, eles respondem por aproximadamente 90% da bauxita mundial.

A mineração de bauxita é altamente mecanizada. A mina da Mineração Rio do Norte, entre as maiores do mundo, emprega apenas 1.100 trabalhadores, muitos através de terceirização. O minério de bauxita é extraído do solo, e depois enfrenta uma limpeza e processamento extensivos. O minério é triturado até atingir um tamanho pequeno através do processo denominado britagem, e depois é submetido à lavagem.

Uma grande quantidade de resíduos de rocha resulta do processo de mineração, que precisa ser descartado. Mesmo se a camada superior do solo for restaurada após a mineração,o solo perde sua capacidade de reter água, tornando-se inadequado para cultivos anuais.

A mineração de minas abertas exerce efeitos sobre a fauna e flora locais e favorece a erosão do solo. Com a maior parte da bauxita minada num cinturão que se estende por todos os trópicos, a mineração da bauxita é uma causa significativa da destruição da floresta tropical. As áreas tropicais onde o minério de bauxita é encontrado estão também entre os baluartes da biodiversidade da Terra. Apesar das promessas das indústrias, as florestas tropicais não podem ser restauradas à sua biodiversidade anterior após a suspensão das atividades de mineração.

Gabriel Stephan

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